Mau tempo no coração

Mau tempo no coração

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O tempo perdoa tudo

Que me desculpe a Martha Medeiros mas eu não dou bandeira voltando a trocar palavras com tal gente.
«À primeira qualquer cai; à segunda cai quem quer». É um ditado português e já bem antigo.
Não quer dizer que continue a odiar, ser rancorosa... Deus me livre!
Quer dizer é que não vou dar uma 2ª oportunidade para me magoarem. Essa não!
Aí, eu é que não ia me perdoar a mim própria.
Tenham, então, muita saúde e sorte na vida que eu vou andando, ok? O mesmo para mim!!!!! E passa longe!!!!!!!
A maioria dos que perdoam é porque ainda querem algo dessa pessoa: Amor ou favor. O seu a seu dono!
E você, o que tem a dizer?

Comente comigo, por favor!
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O tempo perdoa tudo
Se alguém mata uma pessoa e consegue escapar da polícia, mantendo-se fora do alcance da lei por um longo período, o crime prescreve.
Vinte anos depois do delito cometido, fica extinguida a punibilidade do criminoso porque o estado não o julgou e condenou em tempo hábil.
Agora pense bem:
se até a Justiça admite que depois de os ânimos serenarem ninguém precisa mais de castigo, talvez a gente também devesse suspender a pena daqueles que cometeram crimes contra o nosso coração.
Mágoas entre pais e filhos, por exemplo.
Não tem nada mais complicado do que família, você sabe.
Amor à parte, os desentendimentos são generalizados, e as vezes uma frustração infantil segue perturbando a gente até a idade adulta.
Seu pai nunca lhe deu um abraço?
É um crime fazer isso com a criança, mas é preciso prescrevê-lo.
Vinte anos depois, não dá para continuar usando essa justificativa para explicar por que você usa drogas ou por que não consegue ser afectuoso com os outros.
Cresça e perdoe.
Você jurou que nunca mais iria falar com aquele seu amigo que lhe dedurou no colégio?
Eu também acho que duderagem é falta de caráter, e você teve toda a razão de ficar danado da vida. Mas quanto tempo faz isso?
O cara agora está jogando futebol no seu time, tem sido um companheirão, e você segue não baixando a guarda por causa daquela molecagem do passado.
Releve e chame o ex-inimigo para tomar uma cerveja, por conta dos novos tempos.
Dureza, agora:
ele foi o amor da sua vida. Chegaram a noivar.
Você já estava comprando o enxoval quando o cara terminou tudo. Por telefone.
Não deu explicação: rompeu e desligou.
Na mesma semana seguinte foi visto enrabichado numa bisca.
Você deseja ardentemente que ambos caiam numa piscina lotado de piranhas famintas. Apoiado.
Mas faz quanto tempo isso?
Você já casou, ele já casou, aquela bisca não durou nem duas semanas.
Por que ainda fingir que não o vê quando o encontra num restaurante?
É bandeira demais ficar tanto tempo magoada. E a tal superioridade, onde anda?
Dê um abaninho pra ele.
Se quem estrangula e degola recebe o perdão da sociedade depois de duas décadas, os pequenos criminosos do quotidiano também merecem que a passagem do tempo atenue seus delitos. Não cultive rancor.
Se não quiser mais conviver com aquele que lhe fez mal, não conviva, mas não fique até hoje armando estratégias de vingança.
Perdoe.
Vinte anos depois, bem entendido.
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Martha Medeiros
Texto do livro NON-STOP, dezembro de 1999
http://www.pensador.info/frase/Mjk3Njk1/